Blefarite
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- Local. Olhos e anexos
- Lesão eritematosa? Lesão eritematosa
- Tempo de evolução. Agudo: inferior a 2 semanas, Crónico: superior a 2 semanas
- Tipo de lesão. Plana: mácula ou mancha
- Textura da superfície. Crosta/ulceração/escoriação
- Tipo de bordos. Mal definidos
- Cor.
- Distribuição das lesões. Lesão com padrão simétrico, Lesões confluentes/coalescentes
- Sintomas associados. Prurido
- Informação complementar.
Informação sumária
- Condição oftalmológica crónica caracterizada por inflamação da margem palpebral associada à irritação ocular. Existem duas variantes desta condição baseadas na localização da inflamação:
- blefarite anterior: afeta a pálpebra externa (região da base dos cílios, folículos dos cílios e pele palpebral)
- blefarite posterior: afeta a pálpebra interna (por disfunção das glândulas de Meibomius)
- Etiologia é diversa e difere de acordo com o tipo de blefarite.
- Causas de blefarite anterior incluem:
- infecção estafilocócica;
- dermatite seborreica (os utentes frequentemente apresentam dermatite seborreica noutros locais como face e/ou couro cabeludo);
- rosácea ocular;
- Causas de blefarite posterior incluem:
- disfunção da glândula meibomiana na pálpebra interna (secreção excessiva de substância oleosa que condiciona obstrução da glândula e consequente ingurgitamento)
- Infestação pelo ácaro Demodex (demodicose) pode ocorrer para ambos os tipos de blefarite.
- Causas de blefarite anterior incluem:
- Manifesta-se geralmente com prurido, sensação de queimor e formação de crostas nas pálpebras. Podem também apresentar lacrimejo, visão turva e sensação de corpo estranho.
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- Em geral, os sintomas tendem a piorar pela manhã, sendo as crostas nos cílios mais proeminentes ao acordar.
- Os sintomas tendem a afetar ambos os olhos e podem ser intermitentes.
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- Mais comum após os 50 anos de idade. Sem preferência por género.
- O diagnóstico é clínico e baseado em achados característicos de rubor e edema da margem palpebral associada a crostas ou descamações nas pestanas ou nas margens das pálpebras.
- A lâmpada de fenda permite um exame mais detalhado das glândulas meibomianas, o que pode ajudar a distinguir entre blefarite posterior e anterior. Contudo, geralmente não é necessário fazer a distinção.
Diagnóstico diferencial
- Conjuntivite
- Hordéolo
- Chalázio
- Malignidade palpebral
Tratamento e Orientação
A blefarite é uma condição crónica que requer tratamento a longo prazo. Deve ser mantida uma boa higiene das pálpebras e eliminar ou limitar potenciais fatores desencadeantes ou exacerbadores (alergénios, fumo do tabaco, lentes de contato).
- Sintomas leves ou moderados:
- aplicar compressas quentes nas pálpebras por 3 minutos, duas a quatro vezes ao dia para suavizar a crosta e as escamas aderentes e/ou aquecer as secreções meibomianas;
- massajar suavemente a borda da pálpebra em movimentos circulares suaves e lavar as pálpebras para remover acúmulo de resíduos nas pestanas (evitar lavagem vigorosa);
- limpeza suave da pálpebra com um auxilio de cotonete embebido em mistura de água e champô de criança;
- aplicar lágrimas artificiais para aliviar a secura associada pode ser benéfico;
- ponderar antibioterapia tópica se sintomas não respondem às medidas anteriores. Opções incluem:
- Bacitracina (ou eritromicina) aplicada diretamente na margem da pálpebra 1 vez por dia ao deitar, durante 2 a 8 semanas (até sintomas resolverem). Assim que os sintomas melhorarem, o tratamento pode ser interrompido, mas as medidas de higiene devem ser continuadas.
- Azitromicina 1% (1 gota 12/12 horas, durante 10 a 14 dias) é um opção alternativa, principalmente para pacientes com blefarite posterior.
- Sintomas moderados ou severos (por exemplo associados a rosácea), ou sem resposta a antibioterapia tópica:
- Doxiciclina 50-100 mg, 1 vez por dia, durante 8-12 semanas.
- Esquema alternativo: azitromicina 500 mg 1 vez por dia durante 1 dia, depois 250 mg por dia durante mais 4 dias.
- Aplicação de ciclos curtos (2 semanas no máximo) de corticoides tópicos na margens palpebrais pode ter indicação se presença de inflamação associada e ausência de resposta a outras estratégias terapêuticas.
- Deve ser administrada a dose minimamente eficaz e menor duração de uso de forma a reduzir o risco de aumento da pressão intraocular e formação de catarata. A escolha de corticoide tópico com menor penetração ocular, como a fluorometolona, pode minimizar esses efeitos adversos.
- Referenciar a oftalmologia se: hiperemia ou dor ocular grave, fotossensibilidade, alteração da visão, anormalidades da córnea (erosões, úlceras, cicatrizes), diagnóstico incerto, suspeita de malignidade ou infeção por Demodex.